Assumimos neste manuscrito que os saberes necessários para o exercício de ensinar, seja no ensino fundamental, médio ou superior, resultam de um processo ontológico, que se inicia antes do curso de formação inicial docente, tal como indicado por Freire (1996), Gauthier et al. (2013), Nóvoa (1992, 2017) e Tardif (2000, 2012, 2014). No processo ontológico, reconstruído no decorrer de uma pesquisa de doutorado, analisamos a Base Nacional Comum Curricular brasileira e o Referencial Curricular do Estado de Rondônia. Com o objetivo estabelecer relações entre os saberes curriculares com os domínios de estudo da transposição didática, identificamos, de forma explícita ou implícita na textualização destes dois documentos, a publicidade, o controle social e a programação da programabilidade do saber a ensinar referente aos modelos planetários. Os resultados indicam que os dois documentos listam praticamente os mesmos saberes curriculares, não sendo consideradas especificidades regionais no documento estadual. A discussão de modelos planetários é indicada para os dois últimos anos do ensino fundamental, discorrendo sobre a configuração atual do sistema solar, sem textualizar o desenvolvimento histórico e epistemológico da teoria científica. No caso do documento estadual, não identificamos saberes regionais, como os relacionados à Astronomia e Cosmologia dos povos originários.